De um lado, imóveis sem uso no centro de Maceió. Do outro, um número subregistrado de pessoas em situação de rua que, sobretudo durante o período de chuvas, convivem com condições ainda mais precárias e inseguras, uma vez que não têm onde se abrigar.
Na busca por solução, cerca de 40 pessoas, organizadas pelo Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR), resolveram ocupar um imóvel que identificaram como inativo no centro de Maceió. Horas depois, no entanto, foram expulsos do local após a coordenação da entidade religiosa acionar de uma guarnição da Polícia Civil.
O coordenador do MNPR, Rafael Machado, relata que a busca por abrigo vem se intensificado desde que as chuvas iniciaram, de modo que há uma semana o grupo chegou a ocupar uma casa situada na Praça Sinimbú, que estava inativa. Entretanto, o proprietário solicitou que eles saíssem do local. “Foi aí que, como tem muitas casas abandonadas aqui, e muitas delas da Casa Dom Bosco, e da própria Igreja, o movimento decidiu ocupar este imóvel”, conta.
“Quando chegamos lá, a casa estava muito suja, muito mesmo. Tinha carne podre na geladeira. Passamos a tarde inteira fazendo uma limpeza geral, colocamos os alimentos que conseguimos no armário, organizamos tudo”, diz. “Mas aí, quando foi a noite, veio uma guarnição da Polícia Militar e expulsou a gente”, conta. Segundo Rafael, apesar de não ter existido agressão física, o tratamento foi hostil. “Eles vieram depois do chamado do padre Tito que coordena a Fundação”, diz.
A Mídia Caeté tentou o contato com o padre Tito Régis, contatando uma de suas auxiliares identificada como Laís. Segundo a assessora, as informações que chegaram foi de que o grupo havia depredado o imóvel para garantir a entrada no local e que não houve uma conversa prévia com o religioso, e que, por isso, ele decidiu acionar a PM antes de buscar dialogar com o grupo.
“A Casa Dom Bosco trabalha com dependentes químicos, não pessoas em situação de rua. E a casa as vezes é usada para trazer alguns meninos lá para atividades”, relata. Segundo ela, essa e outras casas pertencem à Fundação, mas não possuem vínculo com a Igreja Católica.
Enquanto chegavam na casa, no entanto, o grupo trouxe filmagens das condições deixadas na residência, que destoam do discurso de depredação. Casa limpa, organizada e comida no fogo. Essa era a realidade minutos antes do grupo ter sido despejado pela guarnição policial e retornar para a rua.