O caramujo africano (Achatina fulica) é uma espécie de molusco terrestre que pode causar sérios problemas à saúde do ser humano. Duas zoonoses podem ser transmitidas pelo caramujo: a meningite eosinofílica, causada pelo verme Angiostrongylus cantonensis; e a angiostrongilíase abdominal, causada pelo parasita Angiostrongylus costaricensis. Considerado uma praga, o molusco tem se proliferado de forma significativa em Maceió e além das doenças, também provoca danos às plantas e prejuízos econômicos.
A Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ), alerta à população sobre a incidência de caramujos africanos na capital e orienta para as formas de combate e prevenção ao molusco, que costuma aparecer com frequência durante os meses mais chuvosos. Segundo o biólogo e responsável técnico do Laboratório de Entomologia da UVZ, Carlos Fernando Rocha, nos meses de março a agosto, foram feitos cinco atendimentos por semana, uma média de 20 ocorrências por mês.
A Gerência de Laboratório e Entomologia da UVZ cita algumas medidas de prevenção que a população pode adotar para o controle do caramujo africano. É necessário se desfazer de entulhos, fazer a limpeza do terreno com ciscador, a fim de expor ao sol (eficiente no controle da praga) os ovos e filhotes e colocar uma camada de cal por cima do terreno que foi ciscado.
De acordo com a gerente de Laboratório e Entomologia da UVZ, Ana Patricia Tenório, a proliferação de caramujos africanos acontece devido à falta de cuidados em terrenos. “A infestação dos caramujos é decorrente da falta de cuidados e limpeza de proprietários de terrenos, que deixam a vegetação crescer desordenadamente. O nosso objetivo é passar as orientações para a população e as técnicas corretas de controle e manejo desses animais, mas todos precisam fazer sua parte”, pontua.
“Os caramujos sobem e descem muros, deslocando-se no meio urbano com o objetivo de encontrar um local para aterrar seus ovos. Por isso, passar cal nos muros também é uma forma de prevenção ao animal, pois o cal o desidrata”, informa o biólogo Carlos Fernando.
Além dos cuidados preventivos, o biólogo informa as providências que a população deve tomar ao encontrar o caramujo africano. “A principal providência a ser tomada é o controle pela catação. O uso de pesticidas não é recomendado em função da alta toxicidade dessas substâncias. A melhor opção é a catação manual, com as mãos protegidas com luvas ou sacos plásticos. Este procedimento pode ser realizado nas primeiras horas da manhã ou no começo da noite, horários em que os caramujos estão mais ativos e é possível coletar maior quantidade de exemplares. Durante o dia, eles se escondem para se proteger do sol”, explica.
Praga agrícola
Além de afetar a saúde da população, o caramujo africano também pode ser uma praga agrícola. Carlos Fernando Rocha afirma que o caramujo causa muitos transtornos, inclusive prejuízos econômicos. “Em ambientes urbanos, os caramujos invadem e destroem hortas e jardins. Na agricultura não é diferente. Perdas econômicas têm sido observadas, sobretudo em áreas de produção agrícola em pequena escala. Banana, brócolis, batata-doce, abóbora, tomate e alface são alguns dos alimentos mais atingidos”, comenta o biólogo.
É justamente por meio dos alimentos que ocorre a contaminação dos seres humanos. Lavar bem frutas e verduras pode evitar a contaminação de vermes expelidos pelo caramujo. “A contaminação sempre se dá pela via oral da pessoa. Os vermes que estão no corpo do caramujo são expelidos junto com o muco que eles deixam ao se locomover. Então, se eles andarem por cima de frutas e verduras e elas não forem bem lavadas, poderá ocorrer uma infecção. Crianças costumam ser bem curiosas, é importante ter cuidado com elas porque podem colocar o caramujo na mão e depois colocar a mão na boca. Além disso, a infecção também pode ocorrer com a ingestão do próprio caramujo”, relata Carlos Fernando Rocha.
Contato
Para tirar dúvidas sobre a coleta correta ou incidência de caramujos africanos, a população pode entrar em contato com a Unidade de Vigilância em Zoonoses pelo número 3312-5576 para registrar a solicitação. Após o registro, os profissionais da UVZ vão até o local para investigar o caso. Se a proliferação de caramujos ocorrer em terreno abandonado ou privado, a equipe aciona a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet) para notificar o proprietário com a finalidade de fazer a limpeza do local.
Fonte: Ascom SMS