22/10/2021 às 21h43min - Atualizada em 22/10/2021 às 21h43min

Situação de risco em grotas e encostas nos períodos de chuva foi discutida na Câmara de Maceió

Por: Redação - Rodrigo Gomes
Rede alagoana de notícia

Debate foi proposto pela vereadora Teca Nelma (PSDB) e teve a participação de técnicos e representantes da comunidade

A situação crítica das áreas de risco em encostas e grotas da capital, em especial no período de chuvas, foi discutida durante audiência pública convocada pela vereadora Teca Nelma (PSDB), na manhã desta segunda-feira (18). O evento contou com a participação de especialistas que apresentaram detalhes das variações meteorológicas e como a equipe se planeja para evitar tragédias. No momento, a capital tem mais de 200 assentamentos irregulares.

Na abertura a vereadora Teca Nelma lembrou que havia proposto a discussão ainda no período da quadra chuvosa que atingiu Maceió este ano. Mas, como não foi possível em função da pandemia, a audiência serviu para divulgar ações planejadas para evitar desastres no próximo ano.

“Temos um espaço temporal para planejarmos os efeitos da quadra chuvosa do próximo ano. Lidamos com a ocupação de áreas de forma desordenada, deslizamentos de áreas verdes não preservadas e ausência de um plano de contingência. É um problema recorrente e atinge as populações fragilizadas do ponto de vista social”, disse Teca.

O meteorologista Vinícius Pinho da Secretaria de Estado do Meio Ambiente Recursos Hídricos (Semarh) falou do trabalho pioneiro da Sala de Alerta que consegue prever com até um ano de antecedência os efeitos da chuva. Segundo estudos disponíveis para a Semarh, o aumento do volume de chuva tem relação direta com o fenômeno meteorológico La Ninha.

“O mais importante é que hoje dispomos de uma equipe capacitada e tecnologia capazes de prever e avisar com antecedência para que se evite ocorrências mais graves nas áreas consideradas críticas. O acompanhamento incluí o volume de chuvas e seu impacto direto no nível dos rios”, detalhou o especialista.

De acordo com o coordenador da Defesa Civil Municipal, Aberlardo Nobre, o fenômeno La Ninha indica fortes chuvas para o próximo ano. Sendo assim, o município está antecipando e prepara dese já a estrutura necessária para o momento futuro, porque já vem sendo feito um planejamento preventivo sobre o papel de cada órgão e secretaria envolvidos.

“Não cabe mais o improviso. Para isso, no dia 29 de outubro., seis meses de antecedência, iremos apresentar o Plano de Ação para às Chuvas do próximo ano com as ações que cada secretaria irá fazer nos momentos de alerta. Isto porque o volume pluviométrico previsto para 2022 deve ficar acima da média”, disse Abelardo Defesa Civil.

A arquiteta Isabelle Missano estuda os deslizamentos de terra nas encostas e possíveis soluções preventivas com recomposição ambiental dessas áreas. Ela revelou que não há áreas de mata preservada, com exceção dos parques. Praticamente todas sofrem com ocupação irregular, além da especulação imobiliária.

“A ocupação urbana em áreas planas tem avançando muito na cidade, seja no litoral ou nas áreas planas da parte alta. Isso contribui de algum modo para a perda de áreas de absorção da água da chuva que por sua vez tem aumentado em volume”, explicou Isabelle, defendendo mais pesquisas sobre os impactos do avanço humano sobre as cidades.

Segundo destacou em sua apresentação a professora da Ufal, Dra. Regina Lins, não falta planejamento urbano em Maceió,  citando o Plano Diretor. Em sua avalição o que falta é uma gestão que leve a sério o que foi planejado. Há 42 anos a professora discute questões urbanas relacionadas a cidade.

“Insisto que Maceió não tem ausência de planejamento. Nosso plano diretor deveria ter sido revisado em 2015, mas ele não perdeu a validade O que temos é um planejamento sem gestão, ou seja, o que se planeja não é o que se implementa e o que se implementa não é o que se planeja. Precisamos é de mais integração, coordenação e mais conexão”, destacou Regina.

Comunidades

O presidente da Associação dos Moradores do Alto do Cruzeiro e Adjacências, Leandro Manoel, revelou que as chuvas colocou em risco sua comunidade que tem muitas ruas de barro. Além de buracos que dificultam o trânsito de veículos como ambulâncias, há uma necessidade de que a prefeitura faça uma intervenção na região.

“Precisamos que as autoridades olhem para a comunidade porque foram várias as inundações. Fiz muitos vídeos. Nós clamamos por socorro. Precisamos de alguma interferência antes que venham mais chuvas e voltarmos a sofrer novamente”, alertou Leandro.

Representando a comunidade do Benedito Bentes,  Ualisson Fidélis deu detalhes da situação provocada pela chuva já que mora perto a uma encosta e conhece a realidade das pessoas que vivem em situação de risco. Ele defendeu uma ação articulada que possa levar em consideração os mais vulneráveis que moram em condições de risco não porque querem, mas por uma condição social desfavorável.

“Precisamos pensar, agora no verão, o que será feito para evitar problemas no inverno. Há muito tempo não víamos chuvas tão fortes quanto estas últimas. Há uma questão social muito séria, pois são pessoas que vivem em condições muito difíceis. Quem vive em grotas, vive porque não tem condições de ir para áreas planas”, enfatizou Ualisson.

Infraestrutura

O secretário Municipal de Infraestrutura Vandebilto Magalhães destacou a importância do tema e aproveitou para fazer um relato das ações da pasta. Ele reforçou que o planejamento antecipado é o que pode evitar problemas mais graves no próximo inverno. Para ele este ano as chuvas provocaram alagamentos até mesmo na parte alta da cidade.

“A limpeza da Lagoa da Coca-Cola e a interação com o Estado foi importante porque ela é o principal local de captação de águas na parte alta. E a parte alta vem crescendo bastante. É necessário fazer uma dragagem e falta a conclusão do canal. Todas essas águas que chegam nela desaguam em Jacarecica e merece atenção pois seu volume vem aumentando. Fizemos várias ações de janeiro a agosto, entre elas mais de 12 mil metros de limpeza de galerias e cerca de 500 bocas de lobo revisadas. O lixo continua sendo o nosso maior inimigo. Tem que haver uma consicentização em massa e trabalharmos junto às lideranças para isso”, enfatizou Magalhães defendendo um mapeamento da drenagem da capital.

A audiência foi prestigiada pelos vereadores Leonardo Dias (PSD) e Chico Filho (MDB) que compareceram a audiência e contribuíram com o debate.


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