Nesta etapa do curso, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer a história do Quilombo dos Palmares, momentos e pessoas emblemáticas nesse processo e hábitos culturais do local. Além disso, foi debatido a questão da escravidão e seu impacto na formação histórica da sociedade brasileira, sempre com momentos de troca e dinâmicas culturais.
A realização da formação por parte da Secretaria Municipal de Educação (Semed) tem o objetivo de fazer com que os profissionais da educação tenham um contato mais próximo com narrativas diferentes de visões eurocêntricas e racistas sobre a história brasileira. De acordo com a coordenadora do Centros e Núcleos da Semed, Vera Pontes, a vista a Serra da Barriga é um momento do curso que visa valorizar e fortalecer a cultura e a identidade brasileira.
“Esse curso representa algo valoroso para a comunidade escolar, pois é uma experiência única da nossa história, que através da visita a Serra da Barriga leva os cursistas a compreender de perto o quão é importante valorizar e fortalecer a nossa cultura e nossa identidade. Por isso a Semed vem investindo fortemente nessas questões por meio do Núcleo de Estudos e Pesquisas Sobre a Diversidade-Étnico Racial (NEDER)”, diz a coordenadora.
O responsável por ministrar a aula de campo foi o professor da rede municipal Zezito de Araújo, um dos principais responsáveis pelo processo de tombamento da Serra da Barriga junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Pesquisador de história do Brasil, Alagoas e África, o professor viu o momento como fundamental para a formação dos educadores da rede, que ao terem contato com uma narrativa que coloca a população negra enquanto protagonista, passarão uma nova visão das histórias para os seus alunos.
“Esse momento é importante não só pela visita à Serra, mas porque nós estamos fazendo uma releitura da história de Alagoas, principalmente sobre a história de Quilombo dos Palmares, colocando a população negra enquanto protagonista no período do Brasil Colônia. Acredito que isso para a educadora é fundamental, pois irão levar novas narrativas, novas leituras acerca da história do Brasil e da história de Alagoas para os estudantes da rede municipal”, conta o professor.
A Serra da Barriga é atualmente patrimônio cultural do Mercosul, e tem sido um espaço de memória e de reflexão sobre a história do Quilombo dos Palmares. Por isso, a aula de campo trouxe aos alunos uma experiência mais aprofundada e real das mensagens abordadas pelo conteúdo, como explica a coordenadora do NEDER, Edinilza Alves Cabral.
“Nós estamos tendo hoje a oportunidade de vivenciar uma experiência única, pois estamos resgatando e fortalecendo nossa identidade. Esse momento é significativo e único porque está proporcionando aos diretores e aos demais cursistas a oportunidade de vivenciar a experiência entre teoria e prática num espaço que é patrimônio histórico”, diz a coordenadora.
Uma das participantes do curso foi Maria Sandra Rodrigues, diretora da escola Municipal Sérgio Luiz Pessoa Braga, que contou que momentos como esses a sensibilizam enquanto pessoa, mas também a motivam a trabalhar essas questões com a comunidade escolar.
“Essas temáticas relacionadas à questão do ensino de história da cultura africana são temas que sempre despertam interesse tanto enquanto pessoa humana, enquanto profissional. Sou gestora de uma escola, e aprender mais sobre essa temática é uma oportunidade de saber melhor como sensibilizar toda a comunidade escolar, nos ajudando a promover ações pedagógicas, projetos para que possamos refletir sobre essa temática, provocando mudanças de pensamento e atitude de nossos alunos”, explica a diretora.
Já o cursista Bruno Rogério Duarte da Silva, professor de artes da Educação para jovens, adultos e idosos (Ejai), e coordenador pedagógico na Escola Municipal Professora Neide de Freitas França, ressalta que o ambiente, o aprendizado e energia proporcionada na Serra da Barriga impactará em suas práticas pedagógicas e pessoais.
“É muito prazeroso poder participar dessa formação continuada da Secretaria Municipal de Educação. A prática de aula de campo favorece uma aprendizagem significativa, principalmente num local como a Serra da Barriga, pois é um espaço que nós sentimos energia muito grande no campo da formação étnica brasileira. Ali foi o lugar de luta e resistência, e isso incide diretamente nas nossas práticas pedagógicas em sala de aula e pessoalmente”, avalia.