Encerrando as atividades do Agosto Lilás, mês dedicado ao enfrentamento da Violência contra a Mulher, a Secretaria de Saúde de Maceió e o Gabinete de Políticas Públicas para Mulheres (GGI Mulher), realizaram nesta quarta-feira (31) uma capacitação para a construção de um fluxo para mulheres vítimas de violência. O encontro ocorreu no auditório da Polícia Federal, em Jaraguá, e contou com a parceria da Rede de Atenção às Vítimas de Violência Sexual (RAVVS) da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).
A capacitação foi direcionada a profissionais de diversos serviços de saúde e assistência social, como Unidades Básicas, Unidades de Pronto Atendimento, Centros de Referência em Assistência Social (CRAS) para que eles saibam como acolher e para onde encaminhar cada caso de violência que cheguem até o serviço. Também foi discutido aspectos do Programa Salve Mulher, política desenvolvidas para fortalecer o acolhimento das mulheres, garantindo que elas encerrem o ciclo de violência.
A coordenadora do Programa de Atenção à Saúde da Mulher da SMS, Suzângela Dórea, ressalta que o combate à violência é um dos eixos do programa de Saúde da Mulher. Ela faz parte do contexto da política pública preconizada pelo Ministério da Saúde.
“Uma das grandes ações que já conseguimos fazer dentro das Unidades de Saúde são as notificações. A nossa proposta é que se construa um fluxo para essas unidades, para quando receber, elas saibam para onde mandar essas mulheres. Hoje contamos com a RAVVS enquanto parceiros para o encaminhamento dessas mulheres”, destaca.
“Queremos a partir de agora também construir esse fluxo para que nós mesmas façamos esses atendimentos. Hoje queremos que as pessoas se conscientizem de que é preciso fazer esse atendimento a essas mulheres nas Unidades Básicas”, completa Suzângela Dórea.
Já a coordenadora do Gabinete de Políticas Públicas para Mulheres de Maceió, Ana Paula Mendes, destaca a importância do engajamento dos homens nesta luta.
“É importante que homens e mulheres se envolvam nessa luta que é de todos. É fundamental capacitar os servidores desses serviços de saúde para que eles saibam como encaminhar as vítimas de violência, já que esses serviços como as UBS, UPA's costumam ser os primeiros que elas procuram. Então nosso objetivo é construir um ciclo eficaz para essas mulheres, para que elas se livrem da violência e de seus agressores de uma vez”, afirma.
A coordenadora dos Serviços de Assistência as Pessoas em Situação de Violência de Alagoas, Andréa Teodósio, também participou da mesa de abertura e destacou a importância do trabalho intersetorial.
“Os indicadores só crescem em relação à violência contra a mulher e feminicídio, então, precisamos fortalecer ações, criar fluxos para que Município e Estado possam sempre caminhar juntos na assistência dessas vítimas”.
Acolhendo quem acolhe
A primeira palestra da manhã foi ministrada pela psicóloga especialista em atendimento às vítimas de violência, Keila Santos. A profissional destacou que o acolhimento nesses casos é o primeiro passo de todo o atendimento.
“Enquanto serviço de saúde, essas pessoas precisam compreender que o acolhimento é a base. O papel do serviço é acolhê-las e não investigar os casos, não desacreditar as vítimas, não duvidar dos casos. Elas chegam frágeis, com medo por conta do tabu da denúncia e não cabe aos profissionais revitimizá-las. É preciso que eles saibam como intervir, para onde encaminhar e quando acionar a polícia para esses casos”, explica a psicóloga.
A manhã também contou com uma apresentação das notificações de violência contra a mulher em Maceió, com Rozali Costa, técnica da Gerência de Vigilância das Doenças e Agravos Transmissíveis e Não Transmissíveis de Maceió; de uma palestra sobre a construção de redes, com Andréa Teodósio, coordenadora dos Serviços de Assistência as Pessoas em Situação de Violência de Alagoas e o encerramento com um relato de experiência com Raquel Pedrosa, psicóloga da área Lilás do Hospital da Mulher.