Posto Sete, bairro da Jatiúca, orla de Maceió. São pouco mais de 16 horas em um dos locais mais movimentados da capital alagoana. No point, de vista privilegiada à beira-mar, o rotineiro vaivém de turistas, moradores e ambulantes. É gente bem abastada, classe média, simples, sarada, correndo ou caminhando para manter a forma. Mas, a concorrida orla também é local frequentado por gente ‘invisível’ aos olhos de quem vai pra lá e pra cá.
Uma dessas pessoas é Vera Lúcia (nome fictício que usamos para preservar a identidade de uma senhora dependente química). Quase sempre ela é vista por lá na companhia de um cão vira-lata, fiel escudeiro de uma mulher sem referência familiar e em vulnerabilidade social que carrega tralhas, algumas roupas e uns sacos. Sua aparência é surrada pelas duras condições em que vive.
Vera Lúcia, certamente, é ‘invisível’ para a grande maioria dos pedestres acostumados ao vaivém da orla. Mas não para a equipe de Mobilização e Articulação Social do Ronda no Bairro - programa do Governo de Alagoas que completou cinco anos de serviços prestados à sociedade. Um dos trabalhos do Ronda tem como principal atribuição o trabalho de proximidade com a população.
Coordenada pela assistente social Vanessa Castro, a equipe de Mobilização e Articulação Social se aproxima de Vera Lúcia. E a estratégia é conversa, carinho. É o olhar de quem se coloca no lugar do outro. No trabalho, além do apoio de policiais que compõem o programa, juntam-se também psicólogos, que atuam todos os dias na busca ativa de pessoas como Vera.
“Atuamos em quatro localidades, que chamamos de ‘territórios’ (bairros), como o Centro da cidade, a orla, o Jacintinho e o Benedito Bentes. Nosso diferencial é o olhar humano, crítico e social das demandas que confrontam o dia a dia nas ruas de todos os agentes de proximidade do Ronda no Bairro e do público em geral”, explica Vanessa. Nesse trabalho de busca pelos invisíveis, a equipe atua diretamente nas abordagens sociais, nos encaminhamentos, nas articulações com a rede socioassistencial, nos vínculos e nos atendimentos psicológicos.
“Esse é nosso público. Todas as pessoas que estão em vulnerabilidade social nos territórios: crianças, adolescentes, idosos, pessoas em situação de rua, dependentes de álcool e outras drogas e com problemas de saúde mental”, completa Vanessa. Em 2021, em ações como o resgate de pessoas como Vera Lúcia, o Ronda no Bairro fez 6.126 atendimentos e encaminhamentos.