Nos últimos meses, a Superintendência Municipal de Trânsito (SMTT) de Maceió tem intensificado a fiscalização nas principais avenidas da cidade, como a Durval de Góes Monteiro e Fernandes Lima, com o objetivo de coibir o uso indevido da faixa azul pelos condutores. No entanto, algumas das ações da SMTT levantam dúvidas sobre sua eficácia, coerência e até mesmo sua motivação. De acordo com os dados fornecidos pela própria SMTT, nos dois primeiros meses do ano foram registradas 3.351 infrações relacionadas ao uso indevido da faixa azul. Esses números podem indicar uma falta de conscientização dos condutores em relação às regras de trânsito ou até mesmo uma deficiência na sinalização, o que justifica a necessidade de fiscalização.
Entretanto, surgem questionamentos quanto à abordagem adotada pela SMTT para combater esse problema. A colocação estratégica dos agentes de trânsito para flagrar o desrespeito dos condutores à faixa azul levanta a preocupação de que tais ações possam ser interpretadas como armadilhas de fiscalização, visando apenas aumentar a arrecadação de multas, em vez de educar os condutores e promover um trânsito mais seguro.
Além disso, as orientações fornecidas pelo assessor técnico de trânsito da SMTT também suscitam dúvidas. Segundo ele, os veículos podem acessar a faixa exclusiva para se deslocarem para a faixa do meio, desde que o façam de forma segura e no menor tempo possível. No entanto, relatos indicam que alguns condutores têm percorrido longas distâncias sem a intenção de acessar uma rua ou avenida específica, apenas para tirar proveito do menor fluxo de veículos. Embora esses condutores sejam autuados, a efetividade desta fiscalização pode ser questionada.
Outro ponto a ser considerado é a possibilidade de existir uma motivação financeira por trás da intensificação das multas. Surgem questionamentos se os agentes de trânsito recebem alguma porcentagem das multas aplicadas, o que poderia comprometer a imparcialidade e a transparência do processo de fiscalização.
A multa para quem transita irregularmente pela faixa azul é de R $293,00 e sete pontos na carteira de habilitação. Embora a aplicação de multas seja uma maneira de desencorajar o uso indevido da faixa, é importante avaliar se essa penalidade é suficiente para realmente mudar o comportamento dos condutores, ou se outras medidas educativas e de conscientização poderiam ser adotadas de forma mais efetiva.
Por fim, é fundamental que as ações da SMTT sejam transparentes, coerentes e visam ao benefício de todos os envolvidos. A implementação de faixas prioritárias para o transporte público é uma medida importante para melhorar a mobilidade urbana, mas é necessário que a fiscalização seja conduzida de forma justa, levando em consideração os direitos e as necessidades de todos.
Por: Antônio Fernado da Silva (Fernando CPI) - Registro jornalista: 0002099/AL