22/06/2021 às 21h02min - Atualizada em 22/06/2021 às 21h02min

Aula inaugural: "A Universidade pode reconfigurar nossas vidas"

Por Redação - Rodrigo Gomes
Rede alagoana de notícia

O semestre 2020.2 da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) foi iniciado, nesta terça-feira (22), com aula inaugural on-line. Na primeira parte do evento, gestores e representantes dos segmentos da comunidade universitária fizeram a saudação aos calouros e calouras. "Recebemos vocês com grande alegria, apesar das dificuldades desse momento. A universidade é um grande vetor de redução das desigualdades sociais e vai continuar resistindo, apesar das tentativas de censura e dos cortes no orçamento”, saudou o reitor Josealdo Tonholo. 

A vice-reitora Eliane Cavalcanti também reforçou a capacidade de continuar mesmo diante das adversidades. Já o diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), Fábio Guedes, destacou a rapidez com que a Ciência tem respondido às graves crises que ameaçam a saúde pública, como a febre chikungunya e agora a pandemia de Covid-19. Também fizeram saudações na aula inaugural, os pró-reitores de Graduação, Amauri Barros; de Extensão, Clayton Santos; e Estudantil, Alexandre Lima; o professor Tenório Arnaldo da Cunha, pelo Fórum dos Diretores; a vice-diretora do Campus Ceca, Rosa Cavalcante Lira; e os diretores acadêmicos do Campus do Sertão, Thiago Trindade Matias; e do Campus Arapiraca, Elthon Allex da Silva Oliveira. 

Os segmentos da Universidade foram representados por: Alex Santos, do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Alagoas (DCE/UFAL - Quilombo dos Palmares); José Marcos Gomes, coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores da UFAL (Sintufal); e Jailton de Souza Lira, coordenador da  da Associação dos Docentes da UFAL (Adufal).  “A Universidade pública e a formação profissional amparada na Ciência são fundamentais para sair desse momento obscurantista que provocou a morte de meio milhão de pessoas”, ressaltou Jailton Lira. 

As aulas inaugurais presenciais sempre foram, tradicionalmente, o momento em que, enquanto a solenidade transcorria, os veteranos estavam à procura dos calouros e calouras de cada curso para integrar nas atividades estudantis. No formato virtual, essa busca acontece no chat. Durante os pronunciamentos, mensagens convidando para formações de grupos virtuais, informações sobre procedimentos acadêmicos e convites para reuniões aconteciam. A tradução em Libras, que foi realizada durante todo o evento, também foi elogiada no chat. “Ótima interpretação em libras de ambos os profissionais”, registrou Ruy Graça​. 

 Universidade e Pluralidade 

Coube ao pró-reitor de Extensão, Clayton Santos, apresentar o palestrante do webnário, com o tema Universidade e Pluralidade: Arte, ciência e tecnologia.  Pedro Nunes Filho é professor emérito da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mas foi, por muitos anos, professor do Curso de Comunicação da Ufal. O professor tem um extenso currículo nesta área de conhecimento, com pós-doutorado em Comunicação em Sistemas Hipermídia pela Universidad Autónoma de Barcelona e doutorado em Comunicação e Semiótica. “Pedro Nunes tem uma vida dedicada à docência, com importantes contribuições no tripé que forma as universidades: ensino, pesquisa, e extensão”, apresentou Clayton Santos. 

Em sua fala, Pedro Nunes buscou levantar questões sobre a dinâmica das universidades brasileiras no contexto das desigualdades. “Para mim, as universidades são templos sagrados do conhecimento. O espaço onde o princípio da pluralidade é fundamental. Essa pluralidade implica na diversidade de conhecimentos e multiplicidade de ações indissociáveis, no âmbito da formação, pesquisa e extensão”, enfatizou o professor. 

O professor estimulou  calouros e calouras a buscar essa coexistência de várias áreas do conhecimento. “Temos, segundo o CNPq, oito grandes áreas do conhecimento, com subdivisões e interconexões. Mas a pesquisa universitária é colaborativa e muitos objetos, para serem entendidos, necessitam de uma avaliação interdisciplinar. A universidade não é lugar para se trabalhar com o senso-comum e não se deve construir mitos. Estamos aqui para investigar, questionar e desmistificar”, ressaltou Pedro Nunes. 

Pedro Nunes alertou que os novos estudantes estão chegando na Universidade num período de muitos desafios. “Estamos enfrentando um clima de negacionismo, intervenções, desmonte, desrespeito à autonomia universitária. Vocês precisam ter essa noção de que a universidade lida com o pensamento crítico e presta um importante serviço à sociedade, que exige estrutura e investimento. Cortar recursos prejudica não só a universidade, mas toda a comunidade assistida pelo nosso trabalho”, destacou. 

O professor ressaltou também o quanto a Universidade pode proporcionar possibilidades de melhores condições de vida para seus egressos. “Nas universidades, dois terços dos estudantes vêm de escolas públicas. É a garantia da formação profissional e científica para pessoas que vêm de camadas de baixa renda. Foi esse o meu processo. Por isso, como docente, lutei por bolsas para meus alunos. A universidade pode reconfigurar as nossas vidas!”,  finalizou Pedro Nunes.


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