O gosto pela pesquisa e o interesse contínuo pelas áreas de Educação e Letras, sempre moveram a vida acadêmica de Lucas Sávio Freire da Silva Oliveira, aluno do curso de Letras-Libras da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). A partir de setembro ele começa a galgar mais um importante degrau em sua formação acadêmica e futuro profissional, quando inicia na Universidade de Aveiro (Portugal), o mestrado em Educação e Formação, na linha de pesquisa Didática e Tecnologia Educacional em Línguas, onde obteve o primeiro lugar na seleção.
A conquista numa instituição estrangeira configura-se como um novo horizonte na obstinação de Lucas em busca da ampliação de conhecimento. Nessa realidade para uma nova vida acadêmica em terras lusitanas, está também a aprovação, em quarto lugar, na seleção de mestrado na Universidade do Porto, em Ciências da Educação, com linha de pesquisa em Educação para as alterações climáticas e sustentabilidade. Segundo Lucas, dadas às circunstâncias e viabilidade, escolheu fazer a pós-graduação na Universidade de Aveiro, porque, pela classificação em primeiro lugar, foi contemplado com uma bolsa de incentivo.
Graduado em Letras-Língua Portuguesa, em uma instituição privada da capital, Lucas Sávio sempre teve uma ativa vida acadêmica com participação em projetos de pesquisa e de extensão. Como aluno do terceiro período do curso de Letras-Libras da Ufal, desde o início participa de algumas atividades nas respectivas áreas. A exemplo do projeto de pesquisa Letramento de Surdos, Português Escrito (L2): especificidades teóricas relevantes à elaboração de material didático para alunos surdos do Ensino Fundamental, anos finais. Esse projeto é vinculado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e tem a coordenação da professora Edineide dos Santos Silva.
Sob a coordenação da professora Edineide, Lucas também participou do projeto de extensão que teve como foco o desenvolvimento de material linguístico acessível à comunidade surda relativa à covid-19. Um dos objetivos da ação acadêmica foi a de propor a criação de materiais que auxiliassem na compreensão geral sobre a pandemia, uma vez que as informações disseminadas na sociedade, principalmente alagoana, não chegaram na Linguagem Libras, a maneira linguisticamente mais acessível de compreensão pelas pessoas surdas.
Em seu dinâmico percurso de formação acadêmica, Lucas ingressou este ano no curso de pós-graduação lato sensu em Ensino, Linguagem e Pluriletramento pelo Campus IV da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal). Focado na busca de mais aprendizado e conhecimento, ela fala um pouco sobre o caminho percorrido que o levou ao mestrado em Portugal:
“Estava pronto para prestar as seleções de mestrado para o ano de 2022 ou semestre letivo, entretanto, assim que chegou meu diploma de graduação em Letras- Língua Portuguesa, informei-me sobre programas de pós-graduação em universidades estrangeiras. Despertei interesse pelas universidades públicas portuguesas pela forma que elas trabalham e incentivam os valores que aprendi a valorizar na vivência da Ufal, principalmente. Daí, com toda a certeza , posso dizer que me interessei em, ao menos, tentar expandir os horizontes”, comemora.
Sobre as áreas de pesquisa para as quais prestou seleção, voltadas para a Educação, uma para o recorte da didática, tecnologia e línguas e outra para as alterações climáticas e discussões de sustentabilidade, Lucas destaca que desde a primeira graduação vem se debruçando, principalmente, em estudos que trouxessem mais um recorte educativo, com abordagem dentro da esfera da educação inclusiva e especial, por exemplo. “Utilizei, diversas vezes, a língua como ponto de partida para entender algumas relações importantes em sala de aula com alunos com necessidades educativas especiais. Logo depois, ao entrar no Letras-Libras, e posso dizer que essa entrada já fora uma consequência da relação com a educação inclusiva de pessoas surdas, fui expandindo o conhecimento de uma das diversas ramificações possíveis dentro dessa modalidade de educação”.
Quanto à proposta das alterações climáticas e sustentabilidade, onde obteve a classificação na Universidade do Porto, disse que o interesse surgiu dentro dos projetos de extensão com povos indígenas, onde participa de dois. Como bolsista da Pró-reitoria de Extensão (Proex) integra a equipe do projeto “A Construção das Memórias Indígenas na Arte e na Escrita”, promovido pelo Instituto de Ciências Humanas, Comunicações e Artes (Ichca), sob a coordenação da professora Vanuza Souza Silva.
Outro projeto que está engajado é o de “Inclusão no Território: a Educação Escolar Indígena na perspectiva da educação inclusiva nas escolas das aldeias do município de Palmeira dos Índios, realizado pelo Instituto de Educação Física e Esporte (IEFE). O projeto é coordenado pela professora Neiza Fumes.
Sobre a Língua Brasileira de Sinais, Lucas enfatiza que, apesar de ter sido legalmente reconhecida em 2002, como segunda língua oficial brasileira, ainda é pouco difundida e falada, assim como prestigiada, em território nacional e que em seu processo de ampliação para mais conhecimento, ver também como uma oportunidade de suscitar e levantar essa pauta em outros espaços necessários.
Das experiências de vida adquiridas, com a convicção de que o desenvolvimento de uma sociedade se dá por meio da educação, quando aluno da graduação em Letras-Língua Portuguesa, ele montou um cursinho comunitário de preparação para o Enem, de maneira gratuita para a comunidade carente onde morava, em Maceió. Atualmente, Lucas reside no município de Barra de Santo Antônio, litoral norte do Estado.
Mudança e Expectativa
Alagoano de Maceió, a luta para todas as conquistas sempre foi orgulho para o jovem Lucas Oliveira, um pesquisador das áreas de Educação e Letras, com apenas 20 anos de idade e com tanto a comemorar em sua trajetória de vida . Ele é o primeiro da família paterna a concluir uma graduação e na grande mudança, já bem próxima, a realidade de estudar em outro país tem naturalmente gerado grandes expectativas:
“Posso dizer que uma das maiores expectativas diante dessa nova etapa que irei enfrentar é o como reagirei ao intercâmbio cultural, linguístico e político. São outras formas de ver e estar no mundo que estarão se passando bem na frente dos meus olhos. Além disso o contato com outra língua, a Língua Portuguesa de Portugal e não da Língua Portuguesa Brasileira, provoca uma reflexão intensa em nós, e eu espero ser um momento de desfrutar tanto pessoal quanto profissional, com pensamento de ser um grande aprendizado”.
O curso de mestrado na Universidade de Aveiro tem início no dia 13 de setembro e com o avanço da vacinação em Portugal, segundo Lucas, gradativamente as atividades presenciais nas instituições de ensino superior vêm sendo retomadas.
Fonte: UFAL