Na missão de salvaguardar e disponibilizar a memória alagoana, o Museu da Imagem e do Som de Alagoas (Misa) teve o acervo ampliado recentemente com a inauguração do memorial Arquivos Implacáveis – Raimundo Campos. O conjunto doado pela família do médico e professor Raimundo Campos é composto por 3 mil itens, incluindo CDs, DVDs, equipamentos eletrônicos, discos de vinil, fitas VHS, fitas cassetes, fotos, livros e revistas sobre música e cinema da coleção particular do médico e professor – considerado por muitos como um dos maiores preservadores da memória musical brasileira em Alagoas.
Ao visitar o Misa, o público pode agora conferir as preciosidades acumuladas ao longo da vida pelo colecionador. Entre as gemas do acervo, constam gravações realizadas pelo médico no estúdio construído em sua própria casa. Além de composições autorais, ele registrou momentos inéditos de encontros com nomes como Cartola, Djavan, Cauby Peixoto, Dercy Gonçalves, entre outros ícones da música brasileira.
Os arquivos musicais também compilam sons raros da música produzida em Alagoas, como a Orquestra de Fausto e Passinha, Orquestra da Banda da Polícia Militar de Alagoas (do maestro Alfredo Silva), Big Banda Show (do maestro Ivanildo Rafael), Orquestra de Cordas Paganini, Grupo Vento, Coral da UFAL, Coral Villa-Lobos, Conjunto Xiquitim (da antiga Companhia Energética de Alagoas - Ceal), das escolas de samba Jangadeiros Alagoanos, 13 de Maio, Unidos do Poço e As Baianas de Ipioca, entre outros.
Fitas de papel
A participação do Governo de Alagoas a partir da articulação de diversas secretarias foi decisiva para constituição do memorial, inaugurado no último dia 10 de dezembro, como explica o secretário de Estado da Comunicação, Ênio Lins. “O secretário do Gabinete Civil, Fábio Farias, fez o convite para uma reunião junto com a Secretaria de Cultura, a secretária Mellina Freitas, e com a família do Dr. Raimundo Campos – especificamente o filho Dr. Raimundo Campos Júnior –, quando se iniciou o processo de doação por parte da família e o recebimento do material pelo Governo de Alagoas”.
Coube à Secretária de Estado da Comunicação (Secom) o processo de transcrever fitas de papel – material delicado cujo registro em áudio era realizado por gravadores que utilizavam fitas de papel. “Neste caso, tivemos a participação do servidor da Secom, Fragosinho, que, por coincidência ou não, é filho do Fragoso, que era o técnico de som do Dr. Raimundo”, revela Ênio Lins.
“Felizmente, graças à tecnologia e ao empenho do Fragosinho, pudemos recuperar todas as músicas gravadas em primeira mão por Dr. Raimundo Campos. Isso é o núcleo do memorial, juntamente com objetos tecnológicos e lembranças do período no qual o Dr. Raimundo viveu. Para mim, é uma honra muito grande ter participado do projeto do memorial do Dr. Raimundo Campos, cuja figura eu tive a honra de conhecer e visitar”, finaliza o secretário.