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29/05/2021 às 00h40min - Atualizada em 29/05/2021 às 00h40min

O diabo veste Prada. O Centrão veste farda

Por: Redação - Rodrigo Gomes
Rede alagoana de notícia
 

Presidente Jair Bolsonaro estaria montando uma estratégia para montar um ‘centrão militar’.

 

Por Octavio Guedes comentarista de política da GloboNews

 

Os recados que presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mandou ao Exército brasileiro na sua visita a São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, esta semana, revelaram de forma escancarada sua estratégia de criar um “centrão militar”. O presidente mandou às favas os escrúpulos da consciência e esfregou na cara dos militares que eles são sócios de seu governo. A estratégia do “é dando que se recebe” ficou clara:

” Proporcionalmente temos mais ministros militares que naquele período de 64 a 85″, disse Bolsonaro, em referência à ditadura.

Os ministérios são o “dando” de Bolsonaro. E o “recebe”? O que ele espera em troca? O próprio presidente deixou claro: “tenho certeza que vocês (militares) agirão dentro das quatro linhas da constituição, se necessário for” .

O contexto da fala era sobre as eleições de 2022 e a ameaça da volta do inimigo comum: a esquerda. As quatro linhas do bolsonarismo, como todos sabem, são flexíveis. Ele considera, por exemplo, que o torturador Ustra agia dentro das quatros linhas. Que não era um criminoso fardado. E Bolsonaro acrescenta, em seu discurso, que o adversário político só será vitorioso em 22 se “nós esmorecermos”. Ele falou “nós” olhando para militares fardados. Da ativa.

Pausa

 

Antes de explicar o que seja o “centrão militar”, o blog pede um minuto de sua atenção para fazer uma pequena excursão ao passado.

Os governos da ditadura tinham a Arena. Um apoio dispensável, pois quando havia alguma encrenca, fechava-se o Congresso.

Os governadores da Nova República, de Sarney a Temer, tinham o Centrão. O dispensável passou a ser o próprio presidente, pois quando havia alguma encrenca, fechava-se o Palácio até o vice assumir. Casos de Collor e Dilma.

E o que tem Bolsonaro? Bolsonaro tem o centrão tradicional, o civil, atraído com dinheiro do orçamento, mas seu grande esforço em dois anos de governo é no sentido de formar o centrão fardado. Um presidente com a autoridade cada vez mais esvaziada pelo desgoverno frente à pandemia, sabe que não pode confiar apenas no apoio político. E precisa de um centrão militar.

É bom lembrar que os seguidores do presidente pedem um golpe a cada comprimido de cloroquina. A tal intervenção militar com Bolsonaro no poder. O presidente os estimula no assanhamento autoritário. A novidade, esta semana, foi a forma escancarada ao tratar o Exército como sócio do governo e não uma instituição do Estado democrático de direito.

Fisiologismo

 

O método usado para criar seu centrão militar é o mesmo empregado na manutenção do centrão civil: verbas públicas. Qual político não gostaria de ouvir do presidente que tem um latifúndio de cargos à sua disposição? Os militares ouviram.

Não para por aí. Vamos falar do que no centrão político se chama de boquinha. Os primeiros “generais do centrão” a aderir à sociedade com Bolsonaro foram agraciados com um aumento que furou o teto salarial. Se Heleno, Braga Netto e Ramos fossem do “centrão civil” seriam chamados de marajás. Mas os militares não se vêem assim. Se consideram patriotas lutando contra os inimigos da pátria. O sujo é sempre a política.

Cartada final

 

Agora, vem a cartada final. Se o Exército prevaricar e não punir Pazuello, como quer Bolsonaro, a sociedade entre governo e Exército se transforma em união estável com papel passado.

Neste momento, Braga Netto e o comandante do Exército, Paulo Sérgio, estão dentro de um Puma no estacionamento do Riocentro. A bomba de três estrelas, o general Pazuello, já foi arremessada por Bolsonaro. Cabe a Paulo Sérgio e Braga Netto definirem sua biografia. Ou deixam, passivamente, a bomba estourar em seus colos, ou cumprem o Regulamento Disciplinar do Exército brasileiro e mantêm intactas a disciplina e hierarquia.

Fim. Da picada

O leitor atento, com certeza, vai chamar a atenção: “Eu comecei a ler por causa da título, o diabo veste Prada, e o centrão veste farda. O Prada foi só para fazer uma rima infâme?”

Procurado, o blog preferiu não se manifestar.

 

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