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14/02/2022 às 15h02min - Atualizada em 14/02/2022 às 15h02min

É falso que organizações sanitárias não defendem vacina e que presidente da Pfizer foi condenado

Textos que viralizaram são falsos porque foram inventados e divulgados de modo deliberado para espalhar uma mentira; entenda

Por: Redação - Rodrigo Gomes
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Frascos de vacinas contra a Covid-19 02/05/2021 REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração

É falso que entidades internacionais de saúde tenham pedido a interrupção da vacinação contra a Covid-19 porque os imunizantes não são seguros para os seres humanos.

Uma das entidades citadas em textos que viralizaram no WhatsApp é o Conselho Mundial de Saúde, que reúne grupos negacionistas e antivacina em vários países. Os argumentos elencados pelo grupo já foram verificados pelo Comprova anteriormente, que concluiu que eles eram falsos ou enganosos.

A imunização é segura e passou por vários testes antes de ser autorizada. Por isso mesmo, é apoiada pela Organização Mundial da Saúde (OMS); pela Food and Drugs Administration (FDA), que é a autoridade sanitária dos Estados Unidos; pela European Medicines Agency (EMA); pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para citar apenas algumas entidades consultadas pelo Comprova.

Essas entidades são oficiais, ao contrário do chamado Conselho Mundial de Saúde.

Um outro texto que também viralizou diz que personalidades envolvidas com a vacinação serão julgadas por crimes contra a humanidade, citando o presidente da Pfizer, Albert Bourla.

O link elencado no conteúdo, porém, é de um autointitulado “Tribunal Internacional de Justiça da Lei Comum”, que emula o símbolo do Tribunal Internacional de Justiça, principal órgão judiciário ligado à Organização das Nações Unidas e baseado em Haia, na Holanda.

Como demonstrado por serviços de checagem internacionais, o “Tribunal Internacional de Justiça da Lei Comum” não tem jurisdição reconhecida por nenhum governo. Na Corte de Haia não há nenhum processo em andamento envolvendo vacinas, a Pfizer ou Albert Bourla.

O conteúdo foi considerado falso porque é inventado e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

Como verificamos?

Primeiro, consultamos os sites citados nos conteúdos verificados. Na página do “Conselho Mundial de Saúde”, é possível buscar as entidades parceiras por país e acessar os seus sites, o que usamos para encontrar o posicionamento dessas organizações.

Buscamos em verificações já publicadas pelo Comprova informações sobre o que é alegado pelo Conselho e sobre a segurança e eficácia dos imunizantes contra a Covid-19.

Também fizemos uma busca no Google com o nome em inglês do “Tribunal Internacional de Justiça da Lei Comum” e encontramos checagens internacionais sobre conteúdo bastante similar ao verificado pelo Comprova.

No site do Tribunal Internacional de Justiça de Haia, buscamos informações sobre processos em andamento envolvendo as palavras “vacina”, “vacinação”, “Pfizer” e “Albert Bourla”, mas não encontramos nenhum caso relacionado a esses temas.

Por fim, procuramos instituições e autoridades de saúde reconhecidas para saber qual o posicionamento delas em relação à vacinação.

O Comprova fez esta verificação baseado em informações científicas e dados oficiais sobre o novo coronavírus e a Covid-19 disponíveis no dia 9 de fevereiro de 2022.

Verificação

Conselho reúne grupos negacionistas

O Conselho Mundial de Saúde se descreve como uma coalizão mundial entre organizações focadas em saúde e grupos da sociedade civil que buscam ampliar o conhecimento público em saúde que traga sentido através da ciência e do compartilhamento de conhecimento.

No site, é possível encontrar as 104 entidades parceiras da coalizão. Também é possível procurar por país em que elas estão localizadas. Ao menos seis grupos consultados pelo Comprova são de instituições negacionistas, que defendem o uso de substâncias comprovadamente ineficazes para tratar a Covid-19 ou que são contra a vacinação da população.

No Brasil, o único parceiro do Conselho é a Associação Médicos Pela Vida. O presidente do grupo é o médico pernambucano Antônio Jordão, que foi indiciado pela CPI da Covid no Senado por “desestimular medidas não farmacológicas, como o uso de máscaras”, e reforçar o uso de medicamentos ineficazes para tratar a doença.

Uma farmacêutica que produz esses medicamentos do chamado “tratamento precoce” bancou anúncios da associação brasileira. O grupo chegou a se reunir com o presidente Jair Bolsonaro (PL) para defender terapias inócuas contra o novo coronavírus.

Em seu site, a Médicos Pela Vida também questiona a vacinação, principalmente de crianças, e defende a “imunidade natural”, estratégia que consiste em deixar as pessoas se infectarem sem o uso de imunizantes.

O mesmo padrão se repete em outros lugares. Nos Estados Unidos e no Canadá, o Conselho é parceiro de organizações antivacina. Na África do Sul, é aliado a um grupo que deseja processar a Organização Mundial da Saúde e farmacêuticas pela atuação durante a pandemia. Além disso, um dos parceiros internacionais é uma aliança contrária à adoção de lockdowns e contra a vacina.

Texto se baseia em desinformação

O texto em que o Conselho Mundial de Saúde pede o fim do uso de vacinas também é baseado em várias desinformações. O Comprova já mostrou, por exemplo, que as vacinas não são experimentais, tendo passado pelas três fases de estudos necessárias para atestar a eficácia e a segurança. Também já demonstrou que a proteção oferecida pelos imunizantes é muito superior ao risco de miocardite em crianças.

O Comprova também já mostrou que não há relação entre episódios de mal súbito de atleta e a proteção contra a covid-19, ao contrário do que sustenta o texto do Conselho.

Por fim, eles citam como uma das referências científicas para o texto o médico Vladimir Zelenko, cujos estudos o Comprova já mostrou não terem comprovação científica.

Segurança da vacina

O Comprova, desde o início dos testes das vacinas contra a covid-19, vem demonstrando a eficácia e a segurança dos imunizantes (conforme pode ser verificado em 123456789).

Por meio de consulta aos órgãos reguladores em saúde, aos especialistas e aos laboratórios, o projeto verificou boatos e informações enganosas que circulavam em redes sociais desacreditando a vacinação.

Ao contrário da informação citada nos boatos, todas as vacinas utilizadas no país têm sua eficácia cientificamente comprovada e passaram por rigorosas análises antes de serem disponibilizadas à população.

Além de testes em laboratório, os imunizantes também foram avaliados em uma fase de testes especificamente desenhada para pessoas que se voluntariam, garantindo que efeitos adversos graves não fossem identificados com frequência.

Especialistas contactados pelo Comprova também descartam a recorrência de efeitos adversos graves ou de mutações corporais em vacinados, assegurando que os imunizantes não oferecem qualquer risco à população.

Embora algumas reações possam ocorrer após a aplicação da vacina, um boletim epidemiológico do Ministério da Saúde de novembro de 2021 mostra que, em 92% dos casos, são reações não-graves. Dados apontam que o risco de óbito devido à complicação da Covid-19 é 56 vezes maior do que a ocorrência de um efeito adverso relacionado à vacina.

Organizações internacionais apoiam a imunização

A vacinação contra a Covid-19, além de comprovadamente segura e eficaz, é defendida e apoiada por autoridades em saúde de todo o mundo. Esse reconhecimento internacional ressalta o método como uma medida eficaz para a proteção contra a doença.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) frequentemente se posiciona a favor da vacinação, garantindo a eficácia e a segurança dos imunizantes aprovados. Em dezembro de 2021, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, reforçou o pedido para que os países desenvolvidos garantam a cobertura vacinal global de 70% até a metade de 2022.

O diretor-geral ainda afirmou que era uma “vergonha moral” o mundo não ter alcançado a meta de 40% da população vacinada em 2021, permitindo que o vírus da covid-19 sofresse mutações.

A agência reguladora dos Estados Unidos, a Food and Drug Administration, também recomenda a vacinação como forma de prevenção à Covid-19. Em seu site, a FDA ressalta que “se vacinar ou receber o reforço se você já está vacinado é a melhor coisa que você pode fazer para ajudar a se proteger e proteger sua família e amigos” (tradução livre).

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também são defensoras da vacinação contra a Covid-19. A Anvisa, no dia 24 de dezembro, destacou que a doença segue como uma ameaça para os não vacinados, já que pessoas que não receberam o imunizante têm uma probabilidade maior de desenvolverem sintomas graves e de necessitar de hospitalização.

A agência ainda destaca que as vacinas contra a Covid-19 foram desenvolvidas a partir de métodos científicos que já existem há décadas, e que, mesmo após sua aprovação, os imunizantes seguem em constante monitoramento.

Fiocruz destaca que a vacina é a melhor medida para evitar mortes em decorrência da Covid-19. A Fundação, que produz uma das vacinas em uso no Brasil, criou o projeto Vigivac, para acompanhar a eficácia dos imunizantes.

O primeiro boletim, divulgado no final de 2021, apresentou análises das quatro vacinas que estão sendo aplicadas no Brasil (CoronaVac, AstraZeneca, Pfizer e Janssen), constatando que todas possuem grande redução do risco de infecção, de internações e de óbito por covid-19.

 

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