A Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) executa políticas públicas de atendimento especializado à população em situação de rua. Os equipamentos em que os serviços são oferecidos são os Centros de Referência Especializado para a População em Situação de Rua, conhecidos como Centros Pop 1 e 2, que funcionam nos bairros Jaraguá e Farol. Há ainda os serviços de acolhimento institucional, com destaque para a Casa de Passagem Familiar e a Casa de Passagem professor Manoel Coelho Neto, conhecida como albergue municipal, que fica no Poço.
A Casa de Passagem Professor Manoel Coelho Neto funciona 24 horas por dia. Lá é o único equipamento em que a pessoas em situação de rua podem pernoitar. Com 50 vagas, a unidade acolhe hoje 32 usuários que se alimentam no local, fazendo as principais refeições diárias com café da manhã, almoço, jantar e dois lanches. São oito educadores, dos quais dois trabalham em plantão 24 horas, já que há acolhimentos que são realizados durante a madrugada. A equipe é formada ainda por duas assistentes sociais, dois psicólogos e um educador social de esporte e lazer. As atividades culturais e de lazer estão suspensas para evitar aglomeração.
O coordenador da casa de passagem, Eric Matheus, diz que na pandemia, a principal mudança no atendimento foi que antes havia permissão para a saída dos usuários e agora há restrição, a não ser em casos de atendimento médico ou recebimento de benefícios sociais no banco. As saídas são sempre acompanhadas pelo educador. O transporte para o deslocamento é oferecido pela Semas.
“Hoje a gente está com um número grande de idosos aqui. Por isso, não permitimos essa saída dos usuários, para evitar contaminação. Assim que passar a pandemia, as atividades voltarão ao normal”, declara o coordenador. Eric comenta que o intuito principal da casa de passagem é tirar o usuário da condição de rua e propiciar moradia, benefícios sociais e condições para se manter com dignidade.
“Nossa equipe técnica, junto à coordenação, faz justamente essa demanda para a gente ajudar a eles a tirar um documento, como Identidade, Carteira de Trabalho, para que no futuro, eles possam tocar a vida por eles mesmo”, revela Eric.
Centro POP 1 – A psicóloga Pauline Guimarães Lopes coordenada o Centro POP 1, que fica no Jaraguá. O atendimento é feito a uma média de 70 usuários, de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 16h, com a distribuição de duas refeições, no período da manhã. Quando há a necessidade, os usuários são encaminhados para os serviços de saúde e emissão de documentos.
Durante a pandemia, a prestação do serviço foi adaptada para evitar aglomerações e a transmissão do vírus que causa a Covid-19. Estão suspensas as oficinas e as atividades de lazer e celebrações de datas comemorativas. A equipe técnica é formada por duas assistentes sociais, duas psicólogas e educador social. Há ainda recepcionista e o pessoal do setor administrativo e da limpeza.
“A gente acolhe essa população, prestando esse serviço da alimentação, do banho, guarda e emissão de documentos, caso seja necessário. Então a gente dá todo esse suporte técnico para que a gente possa atender o usuário da melhor forma”, revela a coordenadora. “O atendimento aqui é ótimo. A comida é boa. A gente come almôndega, tem direito à lanche de 11 horas. Tem a limpeza e higiene”, diz a usuária do Centro POP 1, Polyanna Pereira, que estava na fila para receber a refeição.
Outro usuário do Centro POP 1 é o guardador de carros, Genilson da Silva, de 50 anos. Antes de ficar desempregado e vir parar na rua, Genilson trabalhava como servente de pedreiro numa firma, na área de construção civil. “Estou desempregado, estou na rua, e para sobreviver, o cara tem que correr atrás. Eu tenho família, filho, me separei da mulher e estou tentando sobreviver. Depois que chegou essa crise aí não teve mais emprego para o cara trabalhar. Aí eu comecei a tomar conta de carro e a vida é assim mesmo”, confessa Genilson.
Casa de Passagem Familiar – A Casa de Passagem Familiar teve suas atividades remanejadas e o prédio está sendo utilizado como um serviço provisório de atendimento à população com Covid-19, que não tem onde ficar na quarentena. A diretora de Proteção Social Especial, Tatiana Boia, explica que não há um suporte do estado e que o município foi obrigado a executar esse serviço por uma demanda da Casa de Ranquines.
Na Casa de Ranquines, a princípio, 20 usuários testaram positivo para a Covid-19 e depois o número de pessoas contaminadas aumentou. Tatiana revela ainda que tentou abrigar esses usuários em duas escolas municipais, mas a população dos bairros onde as escolas estão localizadas rejeitou e não aceitou a prestação do serviço. Por conta disso, a Defensoria Pública da União recomendou que esses usuários fossem atendidos numa unidade de acolhimento da Semas.
“A gente não poderia deixar essas pessoas nas ruas de Maceió, contaminando outras pessoas. Nós tivemos que, de forma emergencial, executar esse serviço, mesmo, na época, sem vacinação, sem expertise, sem a condição necessária, a gente conseguiu fazer”, enfatiza a diretora.